Açúcar é alimento? Pode-se comê-lo à vontade?
Muitos o restringem somente por medo de engordar.
Mas afinal, como atua no nosso corpo? O que acontece?
A sacarose, o açúcar branco, é um carbohidrato simples, um dissacarídeo. Quando ingerido se divide, metade em glicose e metade em frutose. Proporciona só calorias vazias, porque o açúcar refinado não contém nenhum nutriente. É que o refino extrai, por processo químico, a sacarose do melaço, da garapa, adicionando conservantes e clarificantes químicos para ficar solto, branco e bonito. Fibras, sais minerais, proteínas, vitaminas, tudo é eliminado com o refino! Calorias vazias induzem a uma desnutrição generalizada! Na formação da molécula de sacarose, ocorre a condensação das moléuculas de a-glicose e b-furanose, com perda de uma molécula de água, H2O formanda pelo hidrogênio do carbono 1 da a-glicose e o grupo -OH do carbono 2 da b-furanose.
A primeira parte da sacarose escapa do processo digestivo químico do corpo e se converte diretamente em glicose e causa súbita elevação de açúcar no sangue. É que as moléculas da sacarose não necessitam de digestão complexa por serem de estrutura molecular simples. Com isso, o açúcar vai direto para o sangue e rompe o delicado equilíbrio de glicose e de oxigênio na corrente sanguínea.
Isso faz o nosso pâncreas intervir e produz insulina em quantidade para limpar o excesso de açúcar. A insulina converte a glicose em glicogênio, armazenando-o nos depósitos naturais, o fígado e os músculos, como reserva futura. Porém, a súbita retirada da glicose resulta em falta de açúcar na corrente sangüínea, em hipoglicemia! Exige a volta de glicose, e, com isso, as nossas glândulas supra-renais, então, são obrigadas a produzir hormônios para converter glicogênio estocado em glicose, que será um pré-cursor fundamental para a produção de ATP, a moeda energética de nosso organismo.
Mas isso gera um efeito montanha-russa, cujo ponto mais baixo de hipoglicemia é de duas a quatro horas após a refeição. O indivíduo sente-se cansado e volta a ter fome. Caso ele novamente comer um carboidrato simples, mais perturbações voltam a acontecer. Com o passar dos anos, a constante necessidade de insulina e as quedas no nível de glicose no sangue provocam avarias nas glândulas, por excesso de trabalho, sem falar dos efeitos no cérebro cujas células mais sensíveis, os neurônios, são afetados. O resultado em breve pode ser o colapso do pâncreas e a hiperglicemia, e significar o diabetes, bem como aterosclerose.
O açúcar refinado é um produto concentrado que o organismo não necessita, ao contrário, rejeita devido aos transtornos que causa na química do corpo. A outra metade da sacarose, a frutose tem um outro rumo no organismo. Vai produzir um acetato, a matéria-prima para a montagem das moléculas de colesterol. O vício em açúcar branco resulta numa condição superácida no organismo, que descalcifica e desmineraliza. O corpo passa a ter falta de cálcio, de magnésio, de zinco, de selênio, entre outros nutrientes protetores.
Em realidade, o açúcar branco, refinado, é uma aberração do ponto de vista alimentar. Seu consumo precisa ser moderado. Quando se precisa usar açúcar, deve-se usar o mascavo ou, pelo menos, o cristal. O açúcar mascavo dura vários meses se conservado no refrigerador.
Os jovens de hoje são cada vez mais viciados em açúcar. Já não conhecem a água pura, que é o que o corpo precisa e pede. Somente bebem água açucarada, refrigerantes. Muitos adultos estão na mesma, fogem de efeitos do açúcar e pensam proteger-se optando por adoçantes artificiais.